DIARIO DE SANTA FAUSTINA


“Devo anotar os encontros de minha alma Convosco, ó Deus, nos momentos de Vossas especiais visitas. Devo escrever sobre Vós, ó inconcebível em misericórdia para com a minha pobre alma. A Vossa santa vontade é a vida da minha alma. Recebi esta ordem de quem Vos representa aqui na terra, ó Deus, e ele me esclarece sobre a Vossa santa vontade. Jesus, bem vedes como me é difícil escrever e como sou incapaz de descrever com clareza o que experimento na minha alma. Ó Deus, poderá a pena descrever aquilo que muitas vezes não há nem mesmo palavras? Mas sois Vós, ó Deus, quem mandais que escreva e isso me basta” (Diário, 6).

No dia 17 de janeiro de 1933, Padre Michał (Miguel) Sopoćko foi nomeado para ser confessor da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Misericórdia na cidade de Wilno (Vilnius), na Lituânia.

O primeiro encontro entre Irmã Faustina e seu confessor aconteceu provavelmente no decorrer de uma semana após a vinda de Irmã Faustina a Wilno, ou seja, no final de maio ou no começo de junho de 1933. Esse encontro, em Wilno, da simples religiosa mística e do professor de teologia foi decisivo na história do desenvolvimento da devoção à Divina Misericórdia.


Irmã Faustina anotou em seu Diário:
 “Veio a semana da confissão e, para a minha alegria, vi aquele sacerdote que já conhecia antes de vir a Wilno. Conhecia-o da visão. Então, ouvi na alma estas palavras: Eis o Meu servo fiel, ele te ajudará a cumprir a Minha vontade aqui na terra. Então não me dei a conhecer logo a ele. Como o Senhor desejava. E por algum tempo, lutei com a graça. Em cada confissão a graça de Deus invadia-me de maneira estranha, todavia não desvendava minha alma diante dele, e até pretendia não me confessar com esse sacerdote. Depois desta decisão, uma terrível ansiedade se apoderou de minha alma. Deus me censurava fortemente. Quando abri toda a minha alma a esse sacerdote, Jesus derramou na minha alma todo mar de graças. Agora compreendo o que é a fidelidade a uma graça particular e como ela atrai toda uma série de outras”. (D. 263)

Como experiente confessor e teólogo, Padre Sopoćko reagiu com cuidado às palavras da religiosa a respeito de que, segundo o prognóstico de Jesus, ele deveria ajudar-lhe na divulgação da mensagem sobre a Divina Misericórdia. Não há por que se espantar com isso. Certamente em sua vida sacerdotal já tinha encontrado pessoas que lhe falaram de pretensas visões. “Menosprezei esse relato dela e a submeti a uma prova, a qual fez com que, com a permissão da superiora, Irmã Faustina começasse a procurar um outro confessor. Algum tempo depois voltou a mim e declarou que suportaria tudo, mas de mim já não se afastaria” – recordava o sacerdote. Para ter mais certeza sobre a Irmã Faustina e para não cair na ilusão, alucinação ou na fantasia, o Padre Sopoćko pediu à superiora do convento de Wilno, a madre Irena Krzyżanowska, primeiramente, opinião a respeito dela e, depois, um exame de sua saúde psíquica e física. Os exames constataram a boa saúde da Irmã Faustina, sem sintomas neuropáticos, nem quaisquer desvios psíquicos.


Desde que a Irmã Faustina começou a contar ao sacerdote o que estava acontecendo em sua alma, as confissões dela tornaram-se longas, suscitando comentários maldosos das Irmãs, por isso Faustina procurava confessar-se por última. Mas essa atitude não melhorou muito a situação. O próprio Padre Sopoćko também ficava sem muito tempo para ouvir as longas confidencias da Irmã Faustina no confessionário, por isso recomendou à Faustina que ela registrasse tudo em um caderno e de vez em quando entregasse para que ele pudesse examinar. Mas parece que a falta do tempo não foi o único motivo dessa ordem. O Padre Sopoćko podia agora analisar as visões descritas pela Irmã Faustina tranquilamente e com calma, sem pressa, ocasionada pela fila da confissão. Independente dos motivos, graças à atitude do Padre Sopoćko, surgiu um extraordinário documento: Diário das vivências espirituais e místicas da Irmã Faustina.

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